top of page

Entrevistas com grandes nomes de nossa história

O nosso objetivo é escrever um novo capítulo da história da imprensa em nosso país, resgatando o que foi publicado, nos últimos 50 anos, por vários jornais e revistas. 

WhatsApp Image 2023-12-27 at 12.23.20.jpe

A entrevista com a escritora e colunista cearense Rachel de Queiroz, realizada dias antes da publicação da matéria pelo jornal O Estado de S. Paulo (3/11/1985), aconteceu em seu apartamento, no bairro carioca do Leblon, em um prédio construído por seu marido, o médico OBama de Macedo.   Sentada, primeiro, em uma cadeira de balanço e, a seguir, no sofá tipo medalhão colonial com flores, que garantia ter sido fabricado em 1953, ela não se limitou a falar acerca de seu novo livro, E contou outras histórias engraçadas como essa envolvendo o poeta e compositor, Vinicius de Moraes:   – Certa vez, o poetinha veio ao meu apartamento. Ofereci uma bebida, mas ele respondeu: “–  Não estou bebendo”.“–  Como não está?” – retruquei e ele respondeu:   “–  Hoje estou abstêmico.   Ai, corrigi o poeta:   “– Não é abstêmico e sim abstêmio.”   Vinicius não perdeu a pose e afirmou:   –  Eu digo abstêmico e não abstêmio para parecer doença.”   Primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Letras, ao vencer, em 1977, por 23 votos a 15, o jurista Pontes de Miranda, Rachel de Queiros, que morreu no dia 4 de novembro de 2003, aos 92 anos de idade, me disse, em uma outra entrevista que fiz com ela:   – Aqui em casa é assim: até as seis horas da tarde, servimos cafezinho; depois, passamos para o uísque. 

WhatsApp Image 2023-12-27 at 12.23.20 (1).jpe

Ao ser pautado, em março de 1978, para cobrir um acidente na linha da Rede Ferroviária Federal, perto da cidade de Resende, no Estado do Rio de Janeiro,  encontrei, por acaso, o guarda-ponte, Manoel Canudo Rocha, e a curiosidade fez com que eu o entrevistasse para saber mais acerca de seu ofício.

         Aliás, essa providência foi acertada porque fiquei sabendo qual era a sua atividade profissional e, além disso, de volta à redação do jornal, não encontrei aquela palavra nos dicionários da Língua Portuguesa, apesar de ele ter garantido exercer a profissão como funcionário da RFF por mais de “vinte e dois anos de muitas pontes e noites mal dormidas.”

         A entrevista com seu Manuel aconteceu, nas proximidades da ponte sobre o Rio Piratininga, naquela cidade do sul fluminense, bem  próximo da divisa com os estados de São Paulo e Minas Gerais, e a reportagem que escrevi foi publicada pelo Jornal da Tarde na edição do dia 9/03/1977.

Acabei, entretanto, deixando de fora do texto algumas das histórias contadas por ele como a de um trem fantasma naquela época, andou assustando seus plantões noturnos já que, geralmente, passava pelas pontes fiscalizadas por ele:

– A assombração durou mais de um mês e aparecia noite após noite, porém a custo de muitas rezas e de café forte para ficar acordado, sem pregar os olhos, acabou desaparecendo. Confesso ter ficado aliviado, não só por conta o medo das almas penadas, mas também por não precisar trabalhar mais todas as vezes que o trem fantasma passava por uma ponte ou eu imaginar estar passando.

bottom of page